Beja é a capital do Baixo Alentejo, e é aqui que se situa o Instituto Politécnico de Beja. Trata-se de uma cidade pequena, com cerca de 25.000 habitantes, e a sua longa história, tal como a de toda e região envolvente, remonta ao tempo dos Romanos, quando a cidade se tornou a capital regional, sob a administração de Júlio César. A Pax Julia de César conserva ainda uma atmosfera de tranquilidade e de calma, já difícil de encontrar.
É verdade que andar pelas ruas desta cidade, no seu centro histórico, é como fazer uma viajem através do tempo, encontrando uma calma que julgávamos perdida. Aqui podemos reencontrar-nos, parando aqui e ali, numa esquina mais fresca, de onde, olhando para cima, podemos avistar uma estatueta de porcelana a embelezar a extremidade de uma balaustrada. Entretanto já os nossos olhos já tinham reparado nos azulejos Art Nouveau da fachada, e nos delicados pormenores que circundam as portas e as janelas. Continuando o passeio através destas ruas, não podemos deixar de admirar as belas varandas em ferro forjado, que acrescentam uma certa imponência às fachadas. E se andarmos um pouco mais, veremos que as velhas muralhas guardam alguns tesouros arquitectónicos e artísticos valiosos. Mas, como referiu José Saramago (o nosso Prémio Nobel da Literatura), «… É preciso procurar, ir ao Castelo, a Santa Maria, à Misericórdia, ao Museu. Por eles se saberá que Pax Julia (Baju para os Mouros, que não sabiam latim, e depois Baja e enfim Beja) tem de História que baste e sobeje».
Chegados ao Castelo, para onde todas as ruas e caminhos parecem convergir, teremos que subir ao cimo da sua enorme torre, que, desde o seu passado romano, depois muçulmano e, finalmente, cristão, se apresenta como a guardiã da planície, apontando para os quatro cantos e olhando altaneira para a imensa planície que se estende muito para além da linha do horizonte, que ainda hoje é a região agrícola mais importante de Portugal. Uma vista sublime.
Mas da torre podemos também ver a cidade por dentro – os campanários do Convento da Conceição, um do primeiros exemplos do estilo Manuelino em Portugal, (local onde Soror Mariana Alcoforado terá escrito as famosas «Cartas Portuguesa», as apaixonadas cartas de amor da freira portuguesa para o seu amante francês); as torres cilíndricas da alvíssima Igreja de Santa Maria, outrora uma mesquita; e ainda o Hospital Velho, contemporâneo de D. Manuel, o Venturoso, o rei das Descobertas. Não longe dali a Praça da República, finamente emoldurada pela loggia renascentista da Misericórdia, e por uma elegante friso de edifícios de estilo Manuelino, com o pelourinho no seu centro.
Um mundo no tempo: os trabalhos em mármore e granito da cidade romana, as pedras decoradas com os símbolos cristãos dos Visigodos, na Igreja de Santo Amaro, que parece perdida no tempo, os velhos bairros, com as suas casas térreas, com um toque muçulmano; as ruas da judiaria, já cristianizadas; as mansões senhoriais dos últimos conquistadores, um mundo exterior que guarda as mais belas talhas e os mais belos azulejos alguma vez produzidos na Península Ibérica. Um tesouro escondido, pronto a ser descoberto.
Muito ficou por dizer sobre o passado de Beja. Mas Beja também é modernidade. A cidade está bem equipada com tos os requisitos de uma cidade moderna - novas zonas verdes e vários parques onde a população pode desfrutar o seu tempo livre, bons equipamentos desportivos e culturais, bem como novas áreas comerciais, vários restaurantes e esplanadas, para além de uma animada vida nocturna, oferecendo assim aos residentes e aos visitantes todos os confortos das sociedades contemporâneas.
O Instituto Politécnico de Beja situa-se no coração de uma das mais belas e bem conservadas regiões de Portugal – o Alentejo – a imensa planície ondulante que se estende desde as margens do rio Tejo para sul, até ao Algarve, a província mais meridional de Portugal.
Começando a viagem no Alto Alentejo, fica-se desde logo impressionado com o intenso dourado dos campos de trigo, embelezados, aqui e além, por pequenas elevações arredondadas, a que os alentejanos chamam “cabeços”, alguns coroados com as muralhas de um velho castelo medieval, ou simplesmente com as paredes caiadas das casas que compõem as bonitas vilas e aldeias espalhadas por todo este vasto território.
Mas esta paisagem tranquila é como que uma cortina que se abre para descobrir um património histórico único. São surpreendentes os traços deixados pelas sucessivas civilizações que por aqui passaram: dólmenes e cromeleques, vestígios romanos e árabes que se misturam com sinais mais recentes do Cristianismo, dos quais os inúmeros castelos medievais são apenas um exemplo.
Para nordeste ficam as bonitas vilas e cidades que compõem a chamada Rota dos Castelos: Nisa, Castelo de Vide, Marvão ou Portalegre. Mais para sul, para os lados de Évora, cidade classificada pela UNESCO como património da humanidade, a paisagem torna-se mais quente e mais plana.
E, à medida que nos aproximamos do Baixo Alentejo, região que se estende à volta de Beja, a capital da província, menos povoadas se tornam as planícies, mais planas e ainda mais soalheiras. As únicas sombras são-nos dadas pelas oliveiras e pelas azinheiras e alguma, rara frescura encontramos junto de represas e barragens ou nas ruas sombrias de vilas tão antigas como Alvito; Serpa ou Mértola.
Seguindo o curso do rio que atravessa a província, o Guadiana – o velho Anes dos romanos o Odiana dos muçulmanos – chegamos à barragem do Alqueva, um imenso projecto que promete transformar a natureza e a economia da região e que já nos oferece um enorme espelho de água debruado por velhas árvores, oliveiras e azinheiras, esculpidas pelo tempo, que sombreiam o terreno ainda seco dos montados, onde coelhos, lebres, perdizes e velhas raposas prosperam num ambiente de total liberdade.
Este foi o último “milagre” que os Alentejanos testemunharam. Trata-se da realização de um velho e muito desejado sonho, – a conclusão da barragem do Alqueva e o nascimento do “Grande Lago”, o maior lago artificial e o maior reservatório de água da Europa, mesmo no meio de uma das suas regiões mais secas, abrindo novas possibilidades para a irrigação, produção de energia, turismo, tempos livres e … beleza!
A região é, na verdade, um pequeno mundo de experiências naturais, que o “criador” presenteou com a beleza dos seus espaços sem fim, pintados com as cores da floresta mediterrânica. Contudo é ao homem que se deve a introdução do amarelo dourado do trigo, exuberante no Verão, os intensos castanhos do Outono, depois da terra lavrada, e é a ele que se deve, também, o inconfundível encanto suas vilas e aldeias.
Aqui a terra tem sido cuidadosamente cultivada, ao longo de séculos, por Romanos, Visigodos, Muçulmanos e pelos Cristãos, a partir da primeira 1ª metade do século XIII, quando, finalmente, a região foi conquistada aos Mouros, passando a fazer parte integrante do reino de Portugal. Deles todos herdámos um mundo onde a harmonia entre a natureza e a criação humana parece reinar, num equilíbrio delicado, por vezes difícil de manter.
O mesmo se poderá dizer sobre a “costa alentejana”, com as suas magníficas praias atlânticas que se escondem atrás de enormes rochedos escarpados ou das suaves curvas das dunas, numa área ainda pouco tocada pelas mãos do “progresso”. Uma verdadeira descoberta ainda por fazer ou, talvez, um “paraíso reencontrado”.