António Lobo Antunes escreveu no Jornal de Letras, em 2006, que tal “como quando estamos em bicos de pés à procura de coisas em cima dos armários, os livros andam por aí à espera que alguém os escreva.”
Permito-me afirmar que me parece que é o se passa com o tipo de projectos no qual se insere este que agora me cabe apresentar! É preciso, de facto, encontrar “uma razão, um motivo e uma direcção” e as ideias surgem naturalmente.
Foi, justamente, de uma forma muito simples que surgiu a ideia base do projecto “em.cantos”. Dado que as “Conversas Tertulianas” estão a chegar ao fim, foram muitas as pessoas que me interpelaram no sentido de lhes oferecer algum tipo de continuidade. De entre essas pessoas, houve uma que conseguiu ser mais veemente, pois lançou-me mesmo o desafio: “Porque é que não faz algo semelhante, na cidade de Beja ou mesmo até no concelho, onde trata temas de interesse regional, mas optando por fazê-lo em locais que não sejam, vulgarmente, utilizados para este tipo de eventos, por forma a ajudar também à sua valorização e divulgação?”
Confesso que a ideia pareceu-me, logo à partida, estimulante. Parte do “motivo” estava encontrado! Daqui surgiu o nome do projecto: “em.cantos” ou em diversos cantos desta região.
Mas, apesar de tudo, a ideia não me satisfazia completamente: as “Conversas” encerram um ciclo e o que viesse a seguir teria que abrir um outro, marcadamente diferente do anterior.
Ao amadurecer o assunto, percebi que a “razão” já existia na medida em que, na prossecução dos objectivos preconizados por Bolonha, assim como nos propósitos que envolvem esta presidência do IPBeja, enquadra-se o contacto directo com as realidades existentes no território onde estamos inseridos, e uma das formas possíveis de o fazer, poderá ser a aposta na “deslocação” do próprio IPBeja para a região na criação de projectos integradores.
Com a especificação da razão, o “motivo” acabou por adquirir a sua forma total: o objectivo seria, pois, criar um projecto integrador e conjunto, que envolvesse o Distrito de Beja, e que, ao mesmo tempo, contribuísse para a preservação e valorização de um imenso património histórico e cultural, e que chamasse a atenção para as múltiplas potencialidades de uma zona do país particularmente desfavorecida e carenciada.
Quanto à “direcção”, era inevitável: importava envolver todos os concelhos do Distrito de Beja - aqui protagonizados pelas respectivas Câmaras e pelo Governo Civil - esta área tão vasta, tão rica em recursos, mas também tão necessitada de projectos de desenvolvimento justos e solidários que gerem condições que possam ajudar a inverter a tendência de desertificação e abandono das terras, assim como estimular investimentos na agricultura, na indústria e, especificamente, no turismo.
Daí, que a escolha dos temas tenha sido relativamente fácil! Optei por temas estruturantes, comuns e de interesse para o desenvolvimento de toda a região.
Falo de 14 concelhos, logo, de 14 edições do “em.cantos”, com início em Setembro de 2009 e término em Julho de 2010, por coincidência com o calendário lectivo; preferencialmente, com periodicidade mensal, se bem que nos meses de Maio, Junho e Julho, terão lugar duas edições.
E agora, qual o perfil das pessoas a convidar? Dado que o evento se dirige ao público em geral, a todos aqueles que vivem, trabalham e gostam deste Alentejo, considerei que seria de todo o interesse reunir, para além do respectivo Senhor Presidente de Câmara e da minha própria pessoa na qualidade de moderadora, um ou dois especialistas no assunto a tratar, e alguém ligado às Artes, conhecido do grande público e que, directa ou indirectamente, esteja ligado ao tema.
O critério de escolha e afectação dos temas é da minha inteira responsabilidade e, se bem que em alguns casos fosse inevitável tratar determinados temas em determinados concelhos, outros houve em que optei deliberadamente por não o fazer.
Importa também dizer que o projecto não se esgota por aqui. Os diferentes municípios poderão complementá-lo com todas as iniciativas que considerem interessantes e que se possam coadunar com o mesmo no sentido de promover o seu concelho.
De salientar que se entendeu, igualmente, constituir parcerias com as Rádios Pax e Voz da Planície, no sentido de contar com um determinado suporte ao nível da informação, promoção e assessoria de imprensa.
É para mim um verdadeiro privilégio poder integrar este projecto.
Ana Paula Figueira
/Coordenadora do Projecto/
|