“Os produtos agrícolas e agro-alimentares locais e tradicionais, frequentemente designados pela literatura por Produtos de Qualidade Superior (PQS), ocupam um lugar central nas preocupações da actualidade. Quase ignorados até há bem pouco tempo, este tipo de produtos tem-se convertido no centro das atenções de políticos e técnicos, de investigadores e outros profissionais ligados ao sector agrícola e agro-alimentar e ao desenvolvimento rural em geral. Respondem especialmente bem à recente orientação da PAC, que fomenta a diversificação da produção e a extensificação das práticas agrícolas. Caldentey e Gomez (1996:57) referem que, no âmbito das perspectivas de dualização da agricultura a que a liberalização dos mercados está a conduzir e segundo a qual o panorama agrário ficará dividido em agricultura competitiva e agricultura não competitiva (subsidiada), o desenvolvimento da produção de produtos tradicionais típicos e diferenciados começa a adquirir um elevado interesse como alternativa, podendo tornar-se num trunfo importante para as zonas agro-rurais mais desfavorecidas, uma vez que a sua produção assenta sobre alguns dos escassos elementos em que muitas zonas podem ser competitivas: diferenciação, qualidade e território.
As políticas de promoção e valorização de produtos agro-alimentares tradicionais de qualidade têm sido, nos últimos anos, objecto de atenção constante em diferentes documentos comunitários e apontadas como uma das alternativas ao desenvolvimento do meio rural. No momento actual assiste-se, de facto, a uma reorientação do modelo de desenvolvimento agrário e vários autores referem o grande potencial dos produtos agrícolas tradicionais locais no desenvolvimento das regiões rurais mais frágeis.”[1]
O porco alentejano é produzido em zonas de montado de sobro e azinho, no Alentejo e em alguns concelhos do Algarve, Ribatejo e Beira Baixa. Contudo, a transformação só é permitida em Barrancos e em Ourique, sendo neste concelho que estão concentradas cerca de 50 das 170 explorações existentes na região do Baixo Alentejo.
A carne de porco alentejano já originou diversas marcas de produtos produzidos com base neste tipo de carne, certificadas com Denominação de Origem Protegida (DOP) ou Indicação Geográfica (ID).
[1] Extraído do texto “Produtos tradicionais e desenvolvimento local: o caso da designação protegida Queijo Terrincho DOP”, de Manuel Luís Tibério e Artur Cristovão, apresentado no I Congresso de Estudos Rurais, 16-18 Setembro 2001. |