O conceito de património é vasto e complexo. O património reflecte, em todas as suas vertentes, a cultura de um povo, autonomizando-a e conferindo-lhe uma independência. Portugal foi, desde sempre, um país marcado pelo encontro de várias culturas que souberam contribuir para o enriquecimento da cultura portuguesa, tendo daí resultado um vasto e importante património do qual somos possuidores.
Neste contexto, o património edificado tem uma função de relevo, na medida em que assinala acontecimentos, sacrifícios, ritos ou crenças que marcaram a nossa existência enquanto Povo Português. E, tal como afirma o Prof. Nuno Santos Pinheiro (Coordenador do Fórum Unesco), “ é este conjunto incalculável de bens, edifícios com um valor arquitectónico ímpar, que conseguiram sobreviver ao rigor dos séculos e à maldade e interesses do Homem, que se assumem hoje com a designação de monumentos, muitos deles sem a monumentalidade que os grandes feitos requerem mas plenos de uma modéstia que traduz o caminhar lento e seguro da nossa História (...). É este património edificado, para além de uma riqueza nacional inestimável, objecto de estudo, de contemplação estética e de prestígio para a própria nação (...) [e daí que] o nível cultural de um país se [meça] pelo respeito que todos os sectores implicados na sociedade devem ter pelo seu património histórico.”
Chegados a Alvito, importa recordar as palavras que Luiz de Pina Manique lhe dedicou, em 1949, por altura da publicação da obra “A Arte Manuelina na Arquitectura de Alvito”:
“ Alvito é uma curiosa vila Alentejana que conserva quase intactas as suas construções manuelinas, entre as quais avulta o castelo maciço e imponente. Foi povoação de algum relevo e ponto de referência bastante nomeado do Alentejo, servindo até o seu topónimo para distinguir, de outras vilas do país, as de Viana e de Vila Nova da Baronia, porque tanto uma como a outra foram antigamente mais conhecidas por Viana de a par de Alvito e Vila Nova de Alvito.
Apesar de tão velho uso, que muito divulgou o nome da povoação, do aspecto arquitectónico do castelo e do grande número de peças quinhentistas dispersas pela vila, que embelezam as portas e janelas do seu modesto casario e reflectem o acentuado empenho que então houve em adoptar nas construções a feição manuelina, ligeiras são as referências que os cronistas e escritores até hoje lhe fizeram.
Merece, porém, que se lhe consagrem uns momentos de atenção pelo cunho característico da sua arquitectura, embora sumária e muito sóbria, mas cuja forma decorativa reveste um aspecto especial nesta vila afastada e tão pequena”. |